Falar em cultura não é algo tão simples quanto muitos imaginam, mas também não é impossível de entender. Foram vários os estudiosos que, ao longo dos anos, tentaram definir este tema em algumas páginas. Cultura é um tema que abrange aspectos e percepções distintas. Um antropólogo, por exemplo, definiria a palavra “Cultura” de maneira diferente de um sociólogo, e assim por diante. Mas, claro, todas as definições giram em torno de um mesmo eixo e, na realidade, se completam. Como diria Bauer “A diversidade enriquece e dá sentido a tudo na vida”.
A palavra “Cultura” teve origem quando grupos de estudiosos começaram a pesquisar sobre algumas sociedades primitivas. Tais pesquisas lhes fizeram perceber que o modo de vida dessas sociedades eram muito diferentes uma das outras, suas crenças, seus valores, sua percepção de sociedade, seus hábitos e costumes não eram os mesmos. Estas peculiaridades foram chamadas de cultura e eram provenientes de diferenças históricas, geográficas e sociais. Então se criou o conceito de cultura para definir as características de determinados grupos, que passavam de geração em geração. Como uma espécie de herança social.
Uma das abordagens mais conhecidas sobre o assunto foi feita pelo antropólogo britânico Eduard B. Taylor, ele disse que cultura é: “Aquele todo complexo que inclui o conhecimento, as crenças, a arte, a moral, a lei, os costumes e todos os outros hábitos e capacidades adquiridos pelo homem como membro da sociedade”.
Outra abordagem do mesmo tema foi feita por um dos mais importantes historiadores brasileiros, Sérgio Buarque de Holanda, que definiu cultura como sendo: “Conjunto de valores, hábitos, influências sociais e costumes reunidos ao longo do tempo, de um processo histórico de uma sociedade. Cultura é tudo que com o passar dos tempos se incorpora na vida dos indivíduos, impregnando o seu cotidiano”.
Deixando a abordagem histórica da cultura de lado, vamos ao que realmente nos interessa, acultura sendo aplicada em nosso contexto organizacional, ou seja, a tal Cultura Organizacional. Se já conseguimos entender a termologia da palavra “cultura” em sua função mais genérica, será fácil entendê-la sendo aplicada no nosso contexto organizacional.
Nas palavras do Professor e Psicólogo Social Edgar Schein: “Cultura é a experiência que o grupo adquiriu à medida que resolveu seus problemas de adaptação externa e integração interna, e que funciona suficientemente bem para ser considerado válido. Portanto, essa experiência pode ser ensinada aos novos integrantes como a forma correta de perceber, pensar e sentir-se em relação a esses problemas”.
Cultura organizacional é uma série de pressupostos, crenças, valores, hábitos, comportamentos e outras características de uma empresa que, reunidas, diferencia esta organização das demais no mercado. A cultura de uma organização influencia o modo de pensar, agir e sentir de seus colaboradores e é transmitida aos novos membros desta organização como o modo correto de fazer as coisas. Então da mesma forma que os seres humanos possuem um DNA que os tornam únicos, as organizações também possuem uma espécie de DNA, ou seja, um agrupamento de características que as tornam únicas no mercado e que formam sua cultura.
A Cultura organizacional também pode ser encarada como a identidade de uma empresa, o modo como ela aprendeu a lidar com problemas de adaptação externa e integração interna, influenciando e sendo influenciada por diversos fatores e em diferentes níveis. Todas as empresas, independentemente do tamanho ou do segmento em que atuam, possuem uma cultura organizacional e expressam esta cultura diariamente em suas relações internas (com os funcionários) e externas (com os clientes).
Mas como se origina a cultura de uma organização? A cultura é um fenômeno que surge a partir da interação entre pessoas, se não houvesse pessoas não haveria cultura. Então o relacionamento entre os próprios funcionários, o relacionamento com a liderança, o atendimento ao cliente e outras formas de relacionamento interpessoal, principalmente no estágio inicial da empresa, constroem a cultura da organização.
Claro que quando entramos neste assunto encontramos algumas variáveis, as organizações sofrem influências de diferentes áreas e em diferentes níveis, elas são afetadas pelo ambiente externo, ou seja, pela sociedade a qual fazem parte. A cultura de uma organização reflete muitos aspectos das culturas regional e nacional, aspectos que sofrem influências das variáveis econômicas, religiosas, tecnológicas, políticas, legais, etc. Influências estas que formam comprovadas pelo psicólogo social holandês Geert Hofstede ao fazer suas pesquisas em mais de 50 países. O fato é que as raízes culturais de uma organização são reflexos da sua própria nação, isto explica porque é tão difícil mudar a cultura de algumas empresas, sendo necessário um longo e árduo processo.
É comum ouvir alguém falar ‘’Fulano não tem cultura’’ como se cultura fosse formada por determinado nível educacional ou intelectual, mas está errado. Todas as sociedades possuem uma cultura, independente da sua formação histórica, assim como todos os seus integrantes, independente da sua posição na sociedade. Diferente do que muitos acreditam, não existem culturas certas e culturas erradas, o que existem são culturas diferentes umas das outras e que são mais adequados a contextos históricos e geográficos. Em uma organização não é diferente, não podemos classificar a cultura de uma empresa como certa ou errada, contudo existem culturas organizacionais que melhor se adequam ao público que atendem e ao espaço em que atuam, gerando um enorme diferencial competitivo e uma grande alavanca para o crescimento da organização.
Fonte: http://www.rhportal.com.br/artigos/rh.php?rh=Mas-Afinal,-O-Que-e-Cultura-Organizacional?&idc_cad=dykmvggsu
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