domingo, 25 de agosto de 2013

COMUNICAÇÃO NO TRABALHO EM EQUIPE DE SAÚDE

TREINAMENTO DE HABILIDADES EM COMUNICAÇÃO PODE SER POSITIVO PARA PROFISSIONAIS E PACIENTES



A comunicação é muito mais do que a transmissão de informações pela fala ou pela escrita, constituindo “um processo humano pelo qual informações, sentimentos e significados são compartilhados entre pessoas por meio da troca de mensagens verbais e não verbais”3. Enquanto a maioria dos estudos da área da saúde trata da comunicação entre profissionais e pacientes, percebe-se um interesse crescente na análise de seu papel no trabalho da equipe multidisciplinar5.

Como competência para formação e atuação multiprofissional, a comunicação abrange alguns pontos chaves: saber ouvir com empatia, respeito e valorização do interlocutor; respeitar as diferenças e estabelecer diálogo; ter habilidade para abordar os pacientes; dominar as tecnologias e ter habilidade nas relações interpessoais2.

Entre os principais desafios encontrados no desenvolvimento de uma comunicação eficiente entre profissionais de uma equipe multidisciplinar podemos citar, de acordo com Rowlands e Callen (2013)6: sua natureza sincrônica (circunstâncias que ocorrem ao mesmo tempo), caracterizada por frequentes interrupções; a diversidade na formação dos profissionais (o treinamento para comunicação pode diferir entre profissionais e, de forma geral, aqueles da mesma categoria profissional tendem a se comunicar mais uns com os outros) e o efeito da hierarquia, geralmente com os médicos ocupando uma posição de maior autoridade, situação que pode inibir os demais membros da equipe multidisciplinar.

Pesquisas mostram ainda que a habilidade de comunicar-se não necessariamente aumenta conforme a experiência do profissional. Estas barreiras e características da comunicação em saúde tornam primordiais os programas estruturados de treinamento de habilidades de comunicação. Estes geralmente não incluem uma abordagem prática, com técnicas de simulação seguidas de discussões em grupo5.

Como exemplo da aplicação destas técnicas, tem-se o estudo de Nørgaard (2011)5, que realizou treinamento de 181 profissionais de uma equipe multidisciplinar de um hospital na Dinamarca. Em avaliação posterior, o autor verificou um aumento significativo no escore de autoeficácia (confiança em sua própria capacidade de desempenho bem sucedido em uma determinada situação), medido imediatamente e seis meses depois da intervenção. A avaliação dos profissionais sobre a comunicação dentro da equipe também apresentou melhora estatisticamente significante. O aumento da autoeficácia é importante, dado que profissionais com esta qualidade tendem a lidar melhor com situações e tarefas difíceis, considerando-as como desafios ao invés de ameaças.

Em outro estudo conduzido com voluntários de um hospital norte-americano, Kirschbaum et al. (2012)4realizaram um treinamento de habilidades de comunicação com 44 obstetras e anestesiologistas. Os pesquisadores detectaram melhora significativa na integração e colaboração entre estas especialidades, tornando o ambiente mais favorável para uma comunicação adequada, necessária inclusive para a segurança dos pacientes.

Nota-se, portanto, que o investimento em treinamentos de habilidades de comunicação pode trazer reflexos positivos para as instituições de saúde e para os profissionais. Os pacientes, por sua vez, também se sentem mais satisfeitos com as informações recebidas e com o cuidado prestado, ao perceberem a sintonia da equipe1,5. Além disso, seria válido que as diretrizes de tratamento de diferentes patologias com foco multiprofissional abordassem a importância da comunicação adequada, essencial para um cuidado multidisciplinar eficiente6.

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