terça-feira, 3 de dezembro de 2013

Rh No Divà – Reflexões Sobre Gestão Emocional

Por Tiago Oliveira 

Há alguns anos, o RH vem enfrentando escala crescente de transformação em seu modelo de atuação e deixou de ser uma área de suporte, em rumo a uma área estratégica que atua frente à enorme demanda da busca pela excelência nos resultados do negócio e da Gestão de Pessoas. Essa descoberta fascinante e desafiadora nos mostra o que é realmente fazer gestão de maneira integrada, num RH que vai além de cargos, salários, benefícios, seleção e treinamentos.


Segundo a estimativa da OMS (Organização Mundial de Saúde), até 2030 o maior índice de pessoas afastadas do posto de trabalho será em função de desordens psíquicas, em especial a depressão e ansiedade; e não mais em função de doenças cardiovasculares, como mostram os indicadores de OMS, no Brasil. A constante busca pela superação dos próprios resultados e o atendimento da cultura do TER em detrimento da cultura do SER tem levado um número cada vez maior de profissionais aos consultórios de psicoterapeutas e psiquiatras.


O fenômeno gera impacto direto na porta de entrada das organizações (RH) e se tornou pauta de muitas reuniões e revisões de modelos de atuação, principalmente nas empresas que trabalham com maior nível de dependência do capital humano. É por esta razão que meu objetivo com este conteúdo é ajudar você na reflexão da maneira como seu RH tem atuação frente aos desafios de gerir pessoas e apoiar o processo de transformação de um RH Mecanicista para um RH Humanizado, com GENTE especializada em cuidar de GENTE!


Pela influência de uma composição cultural, fomos educados e treinados para usar (ao menos no discurso) a concepção de: "Jamais leve problemas pessoais para o trabalho"; "Todo profissional precisa saber separar muito bem as coisas"; "Não importa como você está se sentindo, faça, afinal, manda quem pode e obedece quem tem juízo".


Será que esses velhos ditados refletem nossa realidade?


Você conhece alguém que diante de uma forte condição emocional conseguiu separar tão bem as dimensões da vida, como fomos treinados para fazer?
Será que tal discurso ainda cabe nos dias atuais, se é que um dia eles realmente funcionaram?


Desde que o homem descobriu sua intenção e sua paixão pelo domínio da mente percebe-se cada vez mais a necessidade de integrar corpo e mente; pessoal e profissional; trabalho e lazer; cobrança e reconhecimento; processo e crença; numa só esfera que chamamos de SER HUMANO e que transita diariamente dentro das organizações. Ao consultarmos a Teoria do Desenvolvimento Psíquico, Sigmund Freud já dizia que, há mais de 100, operamos pelo princípio do prazer/desprazer desde nossa mais tenra idade. Logo, podemos afirmar que todo adulto é resultado das emoções que aprendeu enquanto criança, ou seja, todos nós nascemos como uma página em branco e de acordo com os estímulos fisiológicos primitivos (fome, sede dor etc.), fazemos registros emocionais no decorrer do desenvolvimento da primeira infância (de zero até 07 anos), momento em que iniciamos o processo da constituição de nossa personalidade que será refletida na vida adulta através de nossas emoções que são estimuladas pelos meios em que vivemos como, por exemplo, o ambiente corporativo!


Por esta razão se faz necessário que o RH (re)componha a visão do colaborador como o ser BIOPSICOSSOCIAL. Lembre-se: mais do que pensar, seu colaborador sente!


Diante desta fase de transição o RH vai para o divã, visando entender a proporção e a importância de alimentar este novo modelo de trabalho que também permite sentir. Fazer a Gestão Emocional da sua equipe compreende desenvolver a escuta ativa, a sensibilidade, a percepção aguçada e a receptividade contínua, pois, se o sentir não tem lugar entre papéis, processos, reuniões e planejamentos, ele aparecerá - de modo ampliado e subjetivado - em outras dimensões da vida cotidiana do colaborador, podendo inclusive, revelar sintomas como sudorese, agitação excessiva, sensação de tristeza ou vazio, sentimento de inutilidade, vontade de abandonar todos os compromissos, perturbações do sono etc., como forma de representar seu desconforto emocional.


A explicação científica para este acontecimento vem da interação das sinapses elétricas e químicas que ocorrem em um bilhão de neurônios que carregamos em nosso Sistema Nervoso Central e da liberação simultânea de neurotransmissores (reações bioquímicas) que são constantemente produzidas e liberadas a cada emoção. É assim que nosso corpo responde aos sintomas de origem emocional (como também estuda a psicossomática) e aumentam os níveis de absenteísmo, perda de velocidade no trabalho, afastamentos por depressão e ansiedade e, consequentemente, queda na produtividade. Então, tente responder:


É mais viável reconhecer que somos feitos para sentir e gerenciar emoções da sua equipe ou passar metade do mês procurando por um novo colaborador para substituir uma ausência?


Mais do que desenvolver competências técnicas, o RH está na Era da Gestão Emocional que inclusive, é responsável pela fixação da memória e dos processos de aprendizagem. E, não importa quanto conhecimento em RH você tem, pois ao se deparar com uma condição emocional, seja somente um SER HUMANO que também sabe sentir!

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