terça-feira, 1 de março de 2016

A RELAÇÃO HOMEM-TRABALHO

REVISÃO DA LITERATURA 

Por Cesar Romão


Certa vez, perguntaram a Sigmund Freud o que ele achava que uma pessoa normal deveria ser capaz de fazer bem. Ele teria dito: “Lieben und arbeiten” (“amar e trabalhar”). Freud acreditava que é por intermédio da família que as necessidades relacionadas ao amor são gratificadas e que o trabalho tem um efeito mais poderoso que qualquer outro aspecto da vida humana de vincular uma pessoa à realidade. 

O posicionamento de Freud, sobre uma pessoa normal “amar e trabalhar”, pode ser interpretado como uma ênfase no trabalho e na família para um funcionamento psicológico sadio. 

O tópico trabalho e o papel que ele desempenha em nossas vidas tem sido assunto de interesse e controvérsia através dos tempos da história. 

O status profissional desempenha um papel importante no senso de identidade, auto-estima e bem-estar psicológico de uma pessoa. O trabalho é a característica central e definidora da vida da maioria dos indivíduos. O trabalho pode ter valor intrínseco e instrumental, ou ambos. O valor intrínseco do trabalho é o que um indivíduo dá à realização do trabalho, em si e por si. Já o valor instrumental do trabalho está em prover as necessidades da vida e servir de canal para os talentos, as habilidades e os conhecimentos dos indivíduos. 

Por quê as pessoas trabalham? Durante séculos, essa pergunta aparentemente simples tem sido debatida sob várias perspectivas, inclusive religiosa, econômica, psicológica e filosoficamente. Alguma doutrina religiosa ensinou que o trabalho era uma forma de punição por nosso pecado original. O trabalho era uma obrigação ou dever de construir o reino de Deus. Portanto, o trabalho era bom, e o trabalho árduo ainda melhor. O trabalho era nobre por causa da sua natureza opressiva e por ser uma provação, o que fortalece nosso caráter. Ensinamentos religiosos também enfatizam o trabalho como um meio de controlar e reprimir nossas paixões. A falta de trabalho, ou o ócio, promove impulsos doentios, que nos desviam dos propósitos mais admiráveis. Assim, o trabalho é considerado um processo árduo, deliberadamente carregado de dificuldades, um meio de facilitar nosso desenvolvimento pessoal. A visão da perspectiva econômica é que o trabalho nos proporciona os recursos financeiros para sustentarmos a vida e a aspiração para melhorarmos a qualidade de nossa vida material. A definição de trabalho mais comumente aceita, a troca de trabalho por pagamento, reflete claramente um ponto de vista econômico. O trabalho também tem significado psicológico, dando-nos uma fonte de identidade e a união com outros indivíduos, além de ser uma fonte de realização pessoal. Ele também tem o efeito de conferir um ritmo temporal às nossas vidas. Nosso trabalho nos dá uma estrutura de tempo – quando precisamos ir para o trabalho e quando não estamos trabalhando para nos dedicarmos a outras atividades. Finalmente, o trabalho até mesmo oferece uma explicação filosófica sobre nossa missão na vida – extrair significado de criar e dar trabalho aos outros. 

Como pode ser observado, não existe uma única resposta para a pergunta por quê trabalhamos, mas seus múltiplos significados oferecem uma base para compreendermos por que o trabalho é tão importante e por que é necessário um equilíbrio nesta relação homem-trabalho. 

Fonte: http://www.cesarromao.com.br/redator/item24141.html

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