segunda-feira, 29 de junho de 2015

A difícil arte de trabalhar em equipe

"O desenvolvimento de equipe tem por objetivo aumentar a 
efetividade de um grupo que precisa trabalhar para o alcance 
de resultados".

Por Homero Reis
                                   
As transformações que ocorrem nas organizações não são apenas relacionadas com processos e estruturas: abrangem especialmente as relações entre as pessoas e destas com o trabalho. A transição do trabalho individualizado para o trabalho em equipe exige o desenvolvimento de novas habilidades nos gestores. Com essas mudanças nas características do mundo do trabalho, cresce cada vez mais a importância de desenvolver habilidades para lidar com as pessoas e com as equipes.

Trabalhar em equipe é parte essencial da vida profissional. O trabalho em equipe tornou-se a prática preferida das instituições, à medida que sistemas hierárquicos tradicionais dão lugar a métodos de trabalho mais polivalentes e horizontalizados. Para que os gestores desenvolvam um bom trabalho em suas equipes é preciso integrar seus componentes, envolver todos em torno do mesmo objetivo, manter a motivação, maximizar o desempenho do grupo, conduzir os trabalhos mantendo o foco na missão corporativa, avaliar os resultados alcançados, entre outras coisas.

Neste sentido, coordenar os trabalhos de uma equipe envolve uma série de habilidades e competências para a gestão. É necessário criar integração entre os membros do grupo para que o trabalho flua em direção às metas coletivas. O coordenador da equipe é alguém capaz de cuidar para que o trabalho do grupo esteja baseado na colaboração, no respeito mútuo, na abertura para perspectivas diversas, na capacidade de escutar e de comunicar-se com efetividade.

Este texto aborda as relações interpessoais no contexto da equipe, trazendo informações sobre ferramentas que visam facilitar o desenvolvimento dos trabalhos e das capacidades da equipe.


Na sociedade tecnologicamente avançada, o emprego existe para proporcionar o autodesenvolvimento do homem e inclui relacionamentos de qualidade, com resultados significativos. Os países desenvolvidos têm definido a qualidade de vida no trabalho como prioridade de governo, dos empresários, dos sindicatos de trabalhadores e das universidades. Nesse processo de mudança da visão gerencial surge, de forma concreta, a necessidade de uma atuação mais consciente e autônoma da parte dos trabalhadores. No Brasil, a transformação começa a sair do âmbito das discussões acadêmicas para fazer parte das políticas e iniciativas administrativas.

Mediante o trabalho, o ser humano, ao produzir algo, produz também a si próprio. A atividade individualizada, isolada, muitas vezes não consegue alcançar os resultados esperados, dada a fragmentação existente na divisão do trabalho e os limites do próprio ser humano no desenvolvimento da tarefa. A interação propiciada pelo trabalho em grupo vem contribuir, e muito, para que haja um enriquecimento sempre maior dos membros que participam da atividade pela influência inevitável que ocorre entre todos. Os melhores talentos de uma pessoa impulsionam os melhores de outra e de mais outra para produzir resultados muito além do que qualquer uma delas poderia conseguir individualmente.
O conhecimento corporativo cresce através de esforços reunidos e de colaboração. No ambiente de trabalho atual, é fundamental nos conscientizarmos de que cada um de nós detém apenas uma parte da informação ou do conhecimento especializado necessário para executar as tarefas. Tornam-se cada vez mais vitais as equipes de pessoas a que podemos recorrer para obter informação e conhecimento especializado – isto inclui companheiros de repartição, colegas de profissão, parceiros e outros a quem podemos telefonar ou para quem podemos enviar mensagens eletrônicas. Não há dúvida de que a capacidade do grupo pode ser mais poderosa do que a do indivíduo. 


O grupo surge oferecendo mais vantagens para a organização do trabalho de uma forma geral. Mas o fato de as pessoas estarem trabalhando juntas não é suficiente para garantir a eficácia do que está sendo feito. É certo que o grupo se caracteriza pela reunião de pessoas, no entanto, essas pessoas podem estar reunidas dentro do mesmo ambiente, trabalhando com coisas semelhantes ou até iguais, mas de forma isolada, sem integração, sem conhecimento dos objetivos que lhes são comuns. Esse isolamento pode ser causado por diversos elementos que são inerentes aos relacionamentos interpessoais. Por isso, a trajetória do grupo pode ser entendida como uma contínua sucessão de conflitos, pois nenhum grupo está livre deles. 

As dimensões intra e interpessoais estão sempre presentes nos processos de grupo. Os aspectos pessoais de cada indivíduo, sua motivação, percepção e sua ideologia influem na interpretação das situações interpessoais e grupais. O equilíbrio interior, a autoaceitação, o “estar de bem consigo” – proporcionam segurança e uma relação construtiva nos contatos com os outros e com o mundo. As dificuldades pessoais não-resolvidas aparecem nas situações de grupo de forma direta e indireta. A dimensão interpessoal é mais visível e marcante no grupo, pois, na medida em que ocorre a proximidade com as outras pessoas é que se estabelecem os relacionamentos e as novas situações a serem enfrentadas. As habilidades interpessoais facilitam os processos básicos dos grupos tais como: comunicação, liderança, tomada de decisão, estabelecimento de objetivos e metas grupais, resolução de problemas, planejamento e implementação de mudanças.

Ao interagir, cada grupo constrói um clima emocional próprio através das relações de troca entre seus membros. Um grupo dificilmente trabalhará como equipe se não desenvolver uma razoável competência interpessoal. Aperfeiçoando suas habilidades de comunicação, de liderança, de divisão de tarefas e papéis, de negociação e de abertura para a mudança. O clima criado no grupo afeta o trabalho e o desempenho global, caracterizando tendências de coesão e integração de esforços ou competição e desagregação.

Um grupo transforma-se em equipe quando passa a prestar atenção à sua forma de trabalhar e procura resolver os problemas que afetam o seu funcionamento. Seu crescimento e desenvolvimento resultam do modo como os conflitos são enfrentados e resolvidos. Quando as equipes trabalham no seu ponto máximo, com participação ativa de seus integrantes, os resultados podem, mais do que apenas se somar, se multiplicar. A explicação desse aspecto do desempenho da equipe está nos relacionamentos dos seus membros, na química entre eles.

Os seres humanos são os componentes essenciais da equipe. Nossos relacionamentos sociais singularmente complexos constituem uma vantagem crucial para a sobrevivência desde os tempos mais remotos. O próprio Darwin foi o primeiro a considerar que “os grupos humanos cujos membros estavam prontos para trabalhar em conjunto em prol do bem comum sobreviviam melhor e tinham mais descendentes do que aqueles cujos membros agiam em benefício próprio”, ou do que os indivíduos que não faziam parte de grupo algum.

O desenvolvimento de equipe tem por objetivo aumentar a efetividade de um grupo que precisa trabalhar para o alcance de resultados. Quando as pessoas juntam esforços para resolver os problemas comuns, a integração e o fortalecimento da própria equipe estarão igualmente sendo trabalhados. Para tanto, o grupo estabelece um compromisso de constante autoexame e avaliação das condições que dificultam seu funcionamento efetivo, isso pressupõe mudanças significativas pessoais e interpessoais de conhecimentos, sentimentos, atitudes, valores, motivação, postura e comportamento.

A resolução de problemas pela equipe difere da que é feita individualmente no sentido de requerer conjugação de habilidades de comunicação e cooperação. É preciso ouvir os outros, compreender e ponderar pontos de vista diferentes, discutir objetivos, meios e responsabilidades, fazer concessões e negociar, contribuir. Equipes de alto desempenho se caracterizam mais pela capacidade de reflexão e menos pelo debate.

É preciso ter clareza de que as mudanças de atitudes e de comportamentos são demoradas, levam tempo para serem conseguidas; o processo educacional humano é de longo prazo e não pode ser artificialmente apressado. O ritmo humano merece mais atenção e respeito nesta nossa era apressada e agitada, de forte competição tecnológica e social, de corrida frenética para o sucesso, com pouco espaço para o diálogo, o questionamento, a descoberta, a reflexão.

É verdade que o futuro pertence a organizações baseadas em equipes. O trabalho de equipe é considerado um caminho testado para aumentar a qualidade do serviço, reduzir custos, aumentar produtividade e promover a satisfação de todos os envolvidos.

Fonte:http://correiobraziliense.admite-se.com.br/app/colunistas/homero-reis/2013/04/23/interna_homero_reis,6964/a-dificil-arte-de-trabalhar-em-equipe.shtml

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