quarta-feira, 6 de março de 2013

Um pouco sobre a história da Psicologia


O objetivo deste texto é refazer, ainda que por vezes através de atalhos, o longo caminho percorrido pelo pensamento humano, na direção da compreensão deste infinito objeto de estudo que é o homem. E como todo caminho, neste também iremos nos deparar com convergências, mãos duplas e obstáculos que poderão nos fazer retornar ou poderão nos oferecer a instigante opção do avanço. Nesse caminhar encontraremos marcos históricos, espaços, datas e personagens importantes.

Como surgiu a Psicologia?

Durante dois mil anos a Psicologia existiu amorfa e indiferenciada, pois estava fundida à Filosofia, e tinha por preocupação embrionária o homem enquanto um ser possuidor de “algo” além de seu corpo material e sensorial. Dessa forma, a primeira grande definição de Psicologia como estudo da alma perdurou durante muito tempo. Contudo, essa é uma definição muito controversa, pois o termo “alma” abre um leque imenso de formas de compreensão, uma vez que os homens nunca deixaram de discutir quando não de disputar, a respeito da natureza, da função e até da realidade da alma.
Refletir sobre a alma suscita questões inquietantes, enigmáticas e infinitas. Por isso, vamos pontuar as transformações sofridas pelo significado da alma, através da própria evolução do pensamento da humanidade. Isso nos dará um suporte necessário para a compreensão do surgimento da Psicologia.

O SIGNIFICADO DA ALMA NOS PENSAMENTOS MÍTICO E PRÉ-SOCRÁTICO

Antes de abordar o pensamento filosófico, é importante ancorar na forma mais antiga de pensamento a que temos acesso. Para tanto, a Antropologia nos oferece, através de suas pesquisas, um retrato de como o homem primitivo concebia a realidade (séc. X a VIII a.C.). O pensamento mítico, que dominou esses séculos, oferece-nos uma “lógica sensível” da realidade. Através das vozes dos poetas e declamadores ambulantes, a história é contada, os fenômenos são explicados, as relações sociais justificadas através dos mitos. São eles que oferecem a primeira compreensão coletiva da realidade. Há muito que se aprender com os mitos; a própria origem da palavra psicologia deriva da mitologia grega (Psyché = alma). A primeira compreensão de alma nos aponta para uma essência que é da natureza do vento e que está numa ligação simbiótica com as forças próprias da vida.
O mundo homérico, em que prevalece o heroísmo, é regido por deuses cheios de vida, força e eterna juventude. O herói morre no momento em que sua alma abandona o corpo. A descrição desse momento é bastante interessante, pois a alma é entendida como a instância responsável pela respiração e pelo movimento do sangue (morrer é sem dúvida nenhuma exalar o último suspiro ou dessangrar-se). Esta essência desprende-se do corpo pela boca ou pela ferida do agonizante, descendo até o mundo dos mortos. No pensamento grego primitivo, a alma está implícita nas concepções de homem e de seu destino. É semelhante ao corpo que habita, embora mais tênue, menos densa… como um sopro. É possível ilustrar essa idéia com dois trechos da Ilíada. O primeiro relata as últimas palavras de Pátroclo, ao ser ferido de morte por Heitor e predizendo a morte deste: “A morte que tudo acaba já o envolve / e a alma abandona seus membros e se vai, voando para o Hades, lamentando seu destino, deixando a força e a juventude…”. o segundo trecho refere-se ao momento em que Aquiles reconhece a alma de Pátroclo, seu grande amigo, a lhe implorar sepultura: “Sepúlta-me logo para que eu passe as portas do Hades…”. ** Sugestão de leitura: Hesíodo (Os trabalhos e os dias, Teogonia) e Homero (Ilíada e Odisséia)
O pensamento mítico não desapareceu com a evolução da intelectualidade. Em nosso cotidiano esbarramos em manifestações míticas, nas diferentes formas de expressão humana. No entanto, o conceito de alma muda de configuração entre os séculos VII e VI a.C.
Esse período foi marcado pelo surgimento de uma forma de pensar racional, matemática, doutrinária, que tinha como base a observação dos fenômenos cotidianos. O homem desenvolve as idéias de movimento e de transformação. Surge o pensamento de que tudo tem uma origem, ao mesmo tempo que é passível de originar.
Tales (625-558 a.C.), Pitágoras (580-497 A.C.), Heráclito (540-470 a.C.), Parmênides(530-460 a.C.), são alguns dos pensadores dessa época, que inserem uma abordagem racional, por um lado buscando um princípio ordenador do universo e por outro desenvolvendo o uso da retórica.
Neste contexto, a alma humana é atribuída com parte da realidade universal, ou seja, se o homem é capaz de respirar, é porque no universo existe ar; se é capaz de pensar, é porque existe a razão. A idéia de que a alma universal e a alma humana co-existem pode ser observada neste postulado de Heráclito. Ele diz: “Assim como o carvão que muda e se torna ardente quando o aproximamos do fogo, e se extingue quando dele afastamos, a parte do espírito circunjacente que reside em nosso corpo perde a razão quando dele é desligada, e de igual maneira recupera uma natureza semelhante a do todo, quando o contato se estabelece pelo maior número de aberturas”.
O pensamento racional estabelece-se com esses pensadores, denominados pré-socráticos; com o século V a.C. adentramos no delineamento da subjetividade humana. O relativismo dos fenômenos, idéias e grandes explicações começam a dominar a expressão da própria consciência humana. Um exemplo de subjetividade: observe as frases dos sofistas – Protágoras (485-410 a.C.) “O homem é a medida de todas as coisas, das que são e das que não são”; Górgias (487-380 a.C.) “Nada existe; ainda que houvesse ser, seria incognoscível; ainda que houvesse e fosse cognoscível, seria incomunicável a outrem”.

O CONCEITO DE ALMA EM SÓCRATES, PLATÃO E ARISTÓTELES

É neste contexto intelectual que surge Sócrates (470-399 a.C.), apontando o próprio homem como a verdadeira matéria realmente digna de estudo, e preocupando-se com este homem numa perspectiva moral. Razão, caráter, justiça, virtude, direito, felicidade, beleza compõem a verdadeira essência do homem, estão dentro dele em estado puro, e podem ser encontradas se esse homem se dispuser a apreender o verdadeiro conhecimento. O método intelectual desenvolvido por Sócrates é muito rico e interessante. Na leitura “A República”, de Platão, é possível apreender o ângulo de sua filosofia. A concepção socrática de alma é inseparável de uma filosofia da sabedoria e engloba necessariamente justiça, coragem, direito, etc. Sócrates aproxima o homem do conhecimento de si mesmo, pois acredita, profundamente, que a atitude de autoconhecimento, de reconhecimento da própria ignorância e da busca determinante do conceito dos fenômenos irá garantir sua firmeza moral.
Esta discussão é continuada por Platão (428-347 a.C.), que nos oferece uma compreensão de alma diferente da de Sócrates e lança um pensamento que dominará durante séculos. Platão divide o homem em corpo e alma, sendo que sua teoria sobre esta é no mínimo intrigante. Para ele, o verdadeiro conhecimento está inserido no mundo das idéias, que faz parte de uma alma já inteligente antes de habitar e se tornar prisioneira do corpo. Nesse sentido, ela é soberana, sábia e dona do verdadeiro conhecimento. Seu intrincado pensamento pode ser reconhecido na leitura do famoso “Mito da Caverna”, encontrado em “A República”. Essa alma é tripartida e apresentada comparada a uma “parelha de cavalos conduzidos por um cocheiro. O cocheiro simboliza a razão; um dos corcéis, a energia moral; o outro, o desejo” (Mueller, 1978 pp 37,8). Demonstrou em sua filosofia que o caráter da imortalidade da alma independe da durabilidade do corpo.
Chegamos a Aristóteles (384-322 a.C.) e a um novo conceito. Com o objetivo de assegurar a harmonia das funções vitais, a alma é a causa e o principio do corpo vivo, e é uma essência presente em “cada indivíduo em particular, desaparecendo com a morte desse individuo. Ela é a mesma em todos os indivíduos de uma mesma espécie porque todos são formados por dois co-princípios básicos: a matéria-prima e a forma-específica, que, unidos, formam a substância do ser” (Severino, 1992, pp 57,8)
Para Aristóteles, a alma assim se define: “Fosse o olho um ser vivo, a visão seria a sua alma: pois a visão é a essência do olho… A alma é no sentido primordial, aquilo por que vivemos, percebemos e pensamos… É com razão que pensadores têm julgado que a alma não pode existir sem um corpo, nem ser um corpo; pois não é um corpo, mas algo do corpo; e essa é a razão por que está em um corpo…” (De anima, II, 2, 414 a 15-20)
Com Aristóteles chega-se ao ponto mais alto da Filosofia Grega.

A IDÉIA DE ALMA NA ANTIGUIDADE E IDADE MÉDIA

Historicamente, entre os séculos III a.C. e III d.C., os romanos apropriaram-se da cultura grega (helenismo), e neste contexto surgiram pequenas escolas, tais como: estoicismo e sua preocupação com a ética, acentuando a vontade humana como capacidade de negar impulsos, objetivando a firmeza da alma: “A morte põe fim à rebelião dos sentidos, à violência das paixões, aos desvios do pensamento, à servidão que a carne nos impõe” (pensamento de Marco Aurélio, livro V); epicurismo e sua preocupação com a ética fundada no prazer, “A alma não se distingue do corpo a não ser por uma maior sutileza dos elementos componentes… à alma cabe difundir a vida pelo organismo e permitir atividades psíquicas, afetivas, intelectuais… condicionadas pela união entre corpo e alma, o que prova a materialidade da alma” (Mueller, 1975 p.54); o ceticismo defendendo que é impossível tentar encontrar o conhecimento; o neo-platonismo, com Plotino: “A alma não está no mundo; mas o mundo está nela; pois o corpo não é um lugar para alma. A alma está na inteligência; o corpo está na alma” (Werner, 1938, p.246); o cristianismo que surge em um momento bastante conturbado, conforme podemos observar nessa descrição feita pelo apóstolo Paulo: “Nós (os cristãos) pregamos a Cristo crucificado, que é escândalo para os judeus e loucura para os gregos. Porém, para os que são chamados, tanto judeus como gregos, lhes pregamos a Cristo, poder de Deus e sabedoria de Deus” (I Corintios, 1). O cristianismo passa a ver a alma do ponto de vista da redenção: “a origem e destino da alma estão ligados às idéias de uma vida eterna, da vitória sobre o pecado pelas obras e pela Graça, e da suprema dignidade da vida em Jesus Cristo” (Mueller, 1975, p.80).
O cristianismo funciona como uma “síntese cultural”, pois ele origina-se como um movimento social e religioso dissidente do judaísmo, incorpora o pensamento grego e romano. Segundo Severino (1992, p.50) “a impregnação dos princípios filosóficos gregos no cristianismo foi profunda e radical… não é, pois, sem razão que se pode afirmar que o Ocidente é filho do racionalismo grego”.
Entre os séculos V e XIV (Idade Média), a igreja exerce um papel de domínio, pois ela toma a responsabilidade de sistematizar e organizar a doutrina cristã, e divulgá-la aos habitantes do Império Romano, com o objetivo de enfraquecer o paganismo romano, contrapor-se ao pensamento grego e impor-se ao mundo judeu. É um período longo, caracterizado por conflito de todas as naturezas. Do pensamento medieval sobre a alma, destacamos Santo Agostinho e São Tomás de Aquino.
Apoiado pelas idéias de Platão, Santo Agostinho (354-430) é responsável por uma grande modificação das idéias ao inserir “no lugar de mundo das idéias, a consciência de Deus, que assume as qualidades prerrogativas da Idéia do Bem” (Severino, 1992, p.59); para Santo Agostinho, a alma está acima da razão, da moral e da ciência. Ela é a realidade primeira, possui diferentes graus e tem diferentes funções, participando não só do mundo sensível, mas também possuindo conhecimentos que não passam pelos sentidos; é capaz portanto de intuições que a colocam em contato com as coisas eternas, em presença da realidade espiritual de Deus.
São Tomás de Aquino (1225-1274), de influência aristotélica, discute a alma de forma tão interessante, que essa discussão é considerada a base filosófica da teologia da Igreja Católica. Vejamos uma breve explicação do complicado pensamento tomista dado por Mueller (1978, p. 99,100): “a alma se caracteriza pela espontaneidade da vida. Se os vegetais germinam e crescem, se os animais nascem, sentem e se deslocam é em função de uma alma sensitiva. Todas essas almas são de natureza inferior. São corruptíveis e morrem com o corpo. A alma humana é de natureza diversa. Não é corpo, mas o ato de um corpo, o princípio de que dependem os seus movimentos suas ações… é incorporal e insubstancial… não se dissolve com o organismo, e o desejo de imortalidade sentido pelo homem se justifica ontologicamente. Situada a meio caminho entre o mundo dos corpos e dos espíritos, a alma humana não está excluída da série de seres imateriais; não faz parte dela, porém, a alma dos anjos”. Entende-se que dessa forma que o sentido não pode se tornar intelecto, pois são ambos fenômenos de naturezas diferentes. Não pode haver sensação sem objeto, ou pensamento sem conteúdo. O dualismo só é superado pela fé, através do poder de Deus.

A ALMA NO RENASCIMENTO E NA IDADE MODERNA

O renascimento vem oferecer ao homem a criação. Nas artes (Michelangelo, Rafael, Leonardo da Vince), na literatura (Maquiavel, Shakespeare, Cervantes, Camões), na ciência (Copérnico, Kepler, Galileu). E a alma, qual lugar ocupava no pensamento do homem? Para responder esse pergunta é preciso falar sobre o filósofo chamado René Descartes (1596-1650)mais do que qualquer outro, ele rompeu com os dogmas teológicos e tradicionais. “Desde Aristóteles, nenhum outro filósofo construíra um novo e influente sistema de pensamento que levasse em conta a soma de conhecimentos que em dois mil anos haviam crescido de modo tão significativo”. (Herrnstein & Boring, 1965, p.581). Esse filósofo simbolizou a passagem do Renascimento para o período moderno da ciência.
Descartes se envolve profundamente com a questão da divisão corpo-alma, presente desde os tempos da dicotomia platônica. Até agora, através dos séculos, a posição que se mantinha era a da soberania da alma sobre o corpo. Descartes introduz o problema do psiquismo no próprio centro de suas preocupações. Na verdade, ele aceita a posição dualista. Mente (ou alma) e corpo são considerados diferentes, mas o que ele discutiu ferrenhamente, angariando ódios, rejeições e queimas de escritos, foi a relação corpo/mente, que passa a ser entendida como sendo uma relação de interação mútua. Para ele, o corpo abarcava todas as funções de sobrevivência, e a mente tinha somente uma função: o pensamento. Com isso, desvia as atenções do estudo da alma em seu sentido abstrato, para o estudo da mente e das funções que ela executa.
A mente possui então capacidade de pensar, e é ela que nos fornece o conhecimento do mundo externo; no entanto, essa mente deve ter um ponto de interação com o corpo. A pergunta era: onde localiza-se a mente? No cérebro, Descartes responde. Mais precisamente na glândula pineal (que é uma estrutura única localizada entre os hemisférios cerebrais). Esta glândula é responsável pelo ponto de interação corpo-mente; não mais que isso.
Da mente originam-se duas espécies de idéias: as chamadas idéias derivadas (geradas a partir da experiência sensorial), e as idéias inatas (as que se desenvolvem exclusivamente a partir da mente, independente de experiência sensorial, e existem enquanto potencial desde o nascimento, enquanto categoria inata do ser).
A partir de René Descartes o desenvolvimento do pensamento foi muito rico, extremamente rápido, e é interessante observarmos a inserção da idéia de “mundo mental” daqui para frente.
A Idade Moderna (séc. XVII e XVIII) caracteriza-se pela força da razão natural. É o projeto iluminista conduzido pelo mais rigoroso racionalismo, com as preocupações voltadas para as questões da verdadeira capacidade de o homem conhecer a realidade.
René Descartes havia lançado grande discussão ao descrever os dois tipos de idéias. Antes de sua morte, já havia surgido na Inglaterra o Empirismo, que pelas mãos de vários pensadores pretendeu discutir o desenvolvimento da mente, e o modo como esta adquire conhecimento. Como representante dessa corrente filosófica, temos John Locke (1632-1704), que resume seu pensamento da seguinte forma: “Suponhamos pois, que a mente é um papel em branco, desprovido de todos os caracteres, sem quaisquer idéias: como será suprida? de onde lhe provem esse vasto estoque, que a ativa e ilimitada fantasia do homem pintou nele com uma variedade quase infinita? de onde apreende todos os materiais da razão e do conhecimento?a isso respondo em uma palavra: da experiência. Todo o nosso conhecimento está nela fundado, e dela deriva o próprio conhecimento. Dessas duas fontes de conhecimento, a sensação e a reflexão, jorram todas as nossas idéias”. Para o empirista, a reflexão não existe sem a experiência sensorial.
O Empirismo irá fornecer a base teórica e metodológica para o nascimento da Psicologia. Enquanto discutia-se filosoficamente a importância dos sentidos na aquisição do conhecimento, a Fisiologia (ramo experimental da Medicina em forte ascensão na época), preocupava-se em entender como os sentidos funcionavam. Este problema do homem, delineado e compreendido a partir da experiência sensorial foi (e é) objeto de intensa discussão.
Ainda nesse período surge uma nova posição, também derivada da grande semente lançada por René Descartes, porém que se opõe radicalmente a John Locke. O filósofo Gottfried Leibniz (1646-1716) propõe um sistema novo de compreensão do ser. Para Leibniz “o homem não é uma coleção de atos, nem simplesmente o local dos atos; a pessoa é a fonte de atos… para conhecer o que uma pessoa é, torna-se necessário sempre consultar o que ela pode ser no futuro, pois todo estado da pessoa é apontado na direção de possibilidades futuras”.

CONSIDERAÇÕES FINAIS

No início do século XIX nasce a Psicologia como ciência, fortemente dominada pelo pensamento empírico, entretanto, virtualmente, todas as teorias posteriores que se desenvolvem dentro da Psicologia parecem ter se originado dessas duas concepções, e, dependendo da matriz filosófica, surgem diferentes posturas de investigação científica. As linhas filosóficas irão definir a prática posterior. Para entendermos a prática é necessário reconhecer a matriz filosófica na qual essa prática se apóia. Desta forma, temos, entre outras, a Psicologia Behaviorista (derivada de uma corrente positivista e que definirá o homem e seus processos psíquicos como um ser primordialmente governado por estímulos do meio), a Psicologia Humanista (derivada da Fenomenologia e do Existencialismo, e que definirá o homem como um ser intencional, dono de seus atos e de sua consciência), a Psicologia Cognitiva (derivada em parte de uma filosofia pragmática, considera o homem em uma perspectiva interacionista, fruto da constante relação homem-meio, sendo este homem considerado como um sistema aberto e em sucessivas reestruturações); a corrente sócio-histórica da Psicologia (derivada do materialismo dialético, considera também o homem numa perspectiva interacionista, privilegiando a mediação do meio), Gestalt (que com certa influência fenomenológica, explora a atenção, a percepção e a tomada de consciência pelo organismo como um todo), Psicanálise, que embora não tenha nascido no seio da Psicologia, caminha junto com ela na sua preocupação com o homem interior.
São diferentes vertentes da Psicologia, que pretendem observar, compreender e trabalhar o homem, no que diz respeito a seus processos psíquicos, à construção de sua inteligência e afetos, a suas formas de ser, atuar e se relacionar no mundo, que nas suas expressões normais ou patológicas, quer na educação, na clínica, na empresa… Aonde quer que o homem esteja atuando.
As vertentes são diferentes a até opostas, mas o foco incide sempre no mesmo homem, que ao ser estudado por outro homem confunde observador e observado, sujeito e objeto, numa trama que se refaz a cada novo suspiro, numa poesia que se reescreve a cada novo ato, numa música que se rearranja a cada novo compasso, criando e recriando as mesmas velhas dúvidas, dores, espantos, alegrias e rancores que fazem parte dele desde sua origem, quando do início de sua viagem por um caminho repleto de convergências, mãos duplas, obstáculos…
Referências bibliográficas
MUELLER, F.L. – História da Psicologia, vol. 89 de Atualidades Pedagógicas, Cia Editora Nacional, SP, 1978.
ROSENFELD, A. – O pensamento psicológico. Editora Perspectiva, SP, 1984.
SEVERINO, A. J. Filosofia. Cortez Editora, SP, 1992.
Coleção “Os pensadores” – vol. ré-Socráticos – Abril Cultural, SP, 1992.

Fonte: http://www.espacocuidar.com.br/psicologia/artigos/um-pouco-sobre-a-historia-da-psicologia

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